Interior Harbour - Macau
Macau SAR of PRC

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  1. INTRODUÇÃO

A área de intervenção, objecto deste Estudo Prévio de Plano de Pormenor para a Zona de Comércio e Serviços do Porto Interior, é sem dúvida o suporte físico com mais expressão e vitalidade, que traduz, em termos urbanos, todo o processo histórico de Macau nas suas vertentes culturais, políticas, económicas, sociais e jurídicas, no quadro de diversas conjecturas internacionais, e em particular as relações com a China, constituindo um polo determinante para a História do desenvolvimento de Macau.

  1. AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO EXISTENTE NA               PERSPECTIVA DE UMA INTERVENÇÃO

O Porto Interior corresponde ao padrão típico de desenvolvimento das frentes ribeirinhas e do surgimento de barreiras que separam a cidade do litoral, sobre áreas progressivamente conquistadas em aterro, que resultam da necessidade de instalação de áreas de actividade mais amplas, da regularização dos canais de navegação  e da facilidade de aí solucionar eixos de circulação periférica mais rápidos e mais fáceis, em torno de uma orla geralmente antiga e atravancada.

O resultado é a total perda de sentido do tecido urbano, que ao ser distanciado do mar, é aglutinado pela cidade, alterando a sua leitura de frente  proeminente para uma orla periférica em relação ao centro urbano. A esse processo está associado, a saída de determinadas actividades que procuram locais de fixação mais nobres na cidade, o declínio das estruturas que se mantiveram e a reinstalação de ocupações mais indigentes.

Exemplo disso é o Grand Hotel e a ponte cais nº 16, identificados como duas memórias importantes na estrutura do lugar, no ponto que anuncia a Av. de Almeida Ribeiro, como elementos de chegada e articulação de estrutura urbana que segue o modelo da cidade europeia de princípio de século, com a via representativa que liga a “Praça do Município” à “Praça da Estação” onde se localiza o “Hotel de Gare”. Este hotel foi a marcação de “obelisco” do porto, embora a dimensão dos novos edifícios reduzam o brilho desta construção como marcação sinalética do porto.

Assim, considera-se a possibilidade da construção em altura numa estrutura pontual, que necessariamente seria um edifício emblemático, de desenho cuidado, que marcasse o porto interior à escala da paisagem distante como um “edifício farol”. A sua localização poderia marcar a inserção da Av. Almeida Ribeiro de penetração no centro da cidade. A sua implantação seria reduzida e procuraria garantir uma orientação correcta ao meio urbano, reduzindo a frente de obstrução e o  necessário recuo visual, libertando espaço público.

As ocupações de edifícios recentes de Ponte-cais originados pelas regras da edificação estipuladas pela Portaria 218/90M, define uma densa frente de construção ao longo da frente de rio, com um resultado que contraria qualquer desejo de “devolver a cidade ao rio”. Toda essa frente, foi definida por uma ocupação contínua que  é apenas interrompida por atravessamentos, para acesso à frente de cais com 4m de largura à estrema lateral que separa as edificações das licenças que aí operam , reduzindo essa distância para 2.5m em ocupação vertical.

A reorganização destas frentes, sempre que por razões da actividade económica possam deixar de operar, e faça sentido a substituição das construções, deveriam estar vinculadas ao alargamento dos atravessamentos entre lotes até à dimensão de ruas. Pela conquista de solo ao rio, os lotes evoluiriam da configuração contínua e longitudinal para uma disposição transversal, articulada com o restante tecido urbano por artérias de penetração, abrindo perspectivas para a frente de água e contribuindo  para o reconhecimento da imagem urbana como paisagem ribeirinha.

Circulações

Grande parte do trânsito no Porto Interior, circula nestas vias fazendo delas uso como canal periférico de circulação entre extremos da cidade, evitando  o congestionamento dos eixos internos. Outra parte do trânsito dirige-se à inserção da Av. de Almeida Ribeiro. O restante trânsito é local ou estrito às actividades portuárias.

Constata-se que, em horário de trafego intenso, as ocorrências no cruzamento do Porto Interior com a Av. de Almeida Ribeiro é a seguinte para um ciclo completo dos semáforos:

Do trânsito originário de Norte 62% segue pelo Porto Interior e 38% vira para a Av. de Almeida Ribeiro.

Do trânsito originário de Sul 75% segue pelo Porto Interior e 25% vira para a Av. de Almeida Ribeiro.

Limitar a zona de intervenção ao trânsito local e à ligação com a Av. de Almeida Ribeiro significa um considerável descongestionamento das vias, e uma menor necessidade de canalizar e desnivelar os percursos pedonais e rodoviários por passagens de peões aéreas, com circulações escada a cima, escada a baixo, para peões de qualquer condição motora.

Por outro lado, a criação de uma via periférica definitiva que canalizasse o trânsito geral e portuário, obrigaria à estabilização também definitiva de toda a frente de cais e sempre condicionada à difícil resolução sincronizada de todas as estruturas portuárias.

O desejo de devolver a cidade ao rio, principalmente em circulações pedonais atractivas,  será de melhor resultado se o tráfego de canal periférico de circulação geral existir desnivelado. A existência de uma estrutura deste tipo seja ela enterrada ou elevada obriga todavia, a ligações ocasionais ao solo, utilitárias e de segurança, o que obriga, por sua vez, à ocupação do solo por estruturas adicionais de acesso de desenvolvimento significativo. Assim, surge como solução mais adequada uma estrutura mista de circulações elevadas e enterradas que, na sua transição, possibilitassem o necessário encontro com o solo sem o recurso a estruturas adicionais.

Por isso, canalizar o trânsito geral nesta faixa de comércio e serviços do porto interior numa via inferior, possibilitaria a todos os equipamentos e novas estruturas de serviços e lazer urbano, uma melhor fruição da relação ambiental e lúdica com o rio.

O seu traçado deverá ser definido de forma a manter as construções das pontes cais n.ºs 16, 11 e 8 cuja recuperação e reabilitação foi prevista neste estudo.

Os quarteirões avançados em relação à Antiga Frente Marginal

Outro instrumento urbano de revitalização da zona do Porto Interior como zona ribeirinha, poderá ser as condições de remodelação tipológica a vincular aos lotes designados por “Quarteirões avançados em relação à Antiga Frente de Rio do Porto Interior”. São edifícios mais recentes, menos pitorescos no quadro da memória nostálgica do Porto Interior, mas talvez mais úteis pelas suas potencialidades tipológicas e pela sua localização, alguns dos quais garantem ainda uma perfeita coerência e integridade como frente urbana que garantem percursos contínuos sob arcada em todo o seu perímetro.

Alguns desses lotes são demasiado longos. A redução da ocupação ao nível do r/c poderá permitir uma maior frequência de atravessamentos em direcção ao rio, com grandes possibilidades de proporcionar múltiplas amplitudes de transparência, de  “devolução da cidade ao Rio”.

A superintendência do Comércio do Ópio

Alfredo Rodrigues, no texto atrás mencionado, refere o seguinte clausulado para com ele provar que a China abrira um precedente para o reconhecimento da jurisdição Portuguesa no Porto Interior, esclarecendo-nos a razão da existência deste edifício.

“...No artigo 4º do TRATADO DE AMIZADE E COMÉRCIO ENTRE PORTUGAL E CHINA, firmado em Pequim no dia  1º de Dezembro de 1887, Portugal declara concordar em cooperar com a China na cobrança dos direitos sobre o ópio exportado de Macau para os portos Chineses, do mesmo modo e durante o mesmo tempo que a Inglaterra prestar igual cooperação à China, na cobrança dos direitos sobre o ópio exportado de Hong Kong para os portos Chineses.

Como consequência dessa cláusula, foi firmado na mesma data (1.° de Dezembro de 1887) e ficou apensa ao referido Tratado, uma convenção em cujo artigo 5.° se preceitua o que se segue:

"As licenças para exportar ópio de Macau para os portos chineses, depois de expedidas, serão comunicadas pelo Superintendente ao Comissário da Alfândega de Kung Pac Uan (Lapa)”....”

Outro reconhecimento importante na área de intervenção, é a razão da Praça de Ponte e Horta, que constituiu originalmente a doca de Ponte e Horta conforme mencionado nas referências bibliográficas em anexo, revelando o que explica a razão daquele vazio urbano numa frente de rio disputada e ocupada por edifícios fundos e estreitos, e a orientação do edifício da Superintendência do Ópio de frente para a praça e transversalmente em relação ao rio.

Seria interessante devolver a esta  praça um reflexo de água e muito possivelmente descobrir-lhe as antigas paredes de granito do muro da doca que ainda aí devem existir.

Enquadramento da Antiga Frente de Rio na cidade que lhe é contemporânea.

A zona do antigo bazar chinês constitui a retaguarda da Antiga Frente de Rio. Existe uma coerência morfológica nesta articulação que se manteve por falta de atractivos na renovação especulativa das edificações, pelo que qualquer regime de salvaguarda da Antiga Frente do Porto Interior poderá e deverá ter um âmbito indutor que revitaliza esta zona da cidade, articulando-a com a frente do Porto Interior.

Interior Harbour, ca. 1950
Macau-Canton ferry, ca. 1950
Pier nr. 16 and Tai Loy ferry, ca. 1950

No âmbito de uma estratégia de revitalização, estabeleceu-se já a definição e localização de equipamento com o intuito de garantir a preservação de algumas construção entendidas de valor. A saber:

Ponte Cais No. 16

É o edifício mais evocativo da memória do Porto Interior, como lugar de chegada e partida.

Propõe-se a sua reabilitação para uma estrutura recreativa frente a uma grande esplanada sobre o rio, onde se desenvolvam actividades que celebrem o fenómeno comunicação.

Sobre a grande esplanada, poderão ter lugar acontecimentos mediáticos, espectáculos ao vivo e em simultâneo com emissões via satélite oriundas de qualquer lugar, Lisboa por exemplo. No mesmo lugar onde outrora se chegava e partia de ferry, A Ferry to Hong Kong , poder-se-à chegar e partir via satélite, num sentido universal, mediático e contemporâneo da comunicação.

Para tal existirá  um ecran gigante na frente da Torre, que é sobranceira à esplanada e um mastro de fixação de uma parafernália de antenas no cimo, dando-lhe expressão tecnológica.

Será um lugar onde continuará a ser possível chegar e partir de barco, sempre que a nostalgia o pedir, porque o cais continua lá, como continuam os recortes de ocaso das montanhas da China em cada fim de tarde.

Ponte Cais No. 11

De linguagem semelhante à Ponte Cais No. 8, é uma construção de proporções confortáveis que, à nova escala da cidade, poderá resultar num agradável pavilhão de animação urbana.

Propõe-se a sua reabilitação para um pavilhão de Chá ou Biblioteca, mantendo-lhe a acessibilidade fluvial do seu cais.

3.         PROPOSTA E ÂMBITOS DE REGULAMENTAÇÃO

            PARA O PLANO DE PORMENOR

            DA ZONA DE COMÉRCIO E SERVIÇOS DO

            PORTO INTERIOR

3.1       OBJECTIVOS

Todas as peças apresentadas deverão ser entendidas e avaliadas no estrito âmbito de um Estudo Prévio de um Plano de Pormenor, dessa forma, todos os elementos apresentados, para além do estipulado como peças necessárias e bastantes ao nível do desenvolvimento pretendido e correspondente a esta fase de projecto, são simplesmente elementos esclarecedores do que poderá ser a apropriação dos critérios ou estratégia de projecto estabelecida, pelo que não deverá ser entendido como vinculativo à concretização do mesmo, nem tão pouco pretende ter o mérito de adiantar elementos de projecto, que necessariamente farão parte de fases subsequentes de plano.

Estratégia de intervenção

No âmbito da implementação de um Plano que procura responder e solucionar situações de rotura e “exaustão urbana” - conceito que traduz a incapacidade de uma estrutura urbana se suportar ou solucionar nos seus elementos a intensificação que progressivamente é submetida - é importante, como estratégia de intervenção, a integração de soluções que permitam um efeito indutor, tanto nas estruturas que sejam directa iniciativa da administração do território, como na motivação que o plano possa gerar nos interesses privados, no sentido da transformação poder ser gradual e ter um efeito imediato e sincronizado à medida que as infra-estruturas sejam completadas.

Por outras palavras, que a implementação de um plano não cause uma suspensão das actividades e características sociais e económicas da zona, ao ponto de, quando restabelecidas, já não faça mais sentido a reposição de determinadas actividades com o risco de futuramente resultarem desadequadas e de efeito mais imprevisível ao inicialmente estabelecido.

3.2 MORFOLOGIA URBANA E TIPOLOGIAS  DOS EDIFÍCIOS

Novas superfícies de edificação

Não se preconizam o aumento de cérceas no eixo principal do Porto Interior (Rua das Lorchas e Visconde de Paço de Arcos), por na franja Nascente a divisão fundiária, como já foi caracterizada, não só não o permite como seria uma solução de absoluta rotura com todo o tecido urbano que se desenvolve por detrás.

A necessidade de disponibilizar áreas de construção como contrapartida necessária para os melhoramentos necessários e remodelação das infra-estruturas, será feita na nova franja de rio. As tipologias de ocupação propostas resultam da linha máxima de implantação definida pelos Serviços de Marinha, da orientação do Porto Interior aos pontos cardeais e ao caminho do Sol, possibilitando a acessibilidade mais frequente da frente de rio a percursos e vistas, e minorando o efeito de barreira contínua de sombra sobre a cidade, tornando-a mais permeável ao sol poente e às cores do ocaso.

Algumas dessas artérias transversais poderão ser braços de mar  de animação urbana onde possam acostar embarcações, (ponte cais 11).

Foram previstos os compromissos para abicagem de sampanas nas pontes cais 8a e 20, embora a localização na ponte cais 8a pudesse merecer uma localização mais sobranceira à praça de Ponte e Horta .

As ocupações designadas por Quarteirões Avançados em relação à Antiga Frente de Rio serão ocupações a manter, melhorando-lhe a salubridade e condicionando a sua remodelação à redução para 60% da ocupação do piso de arcada, nas bandas mais longas, em benefício do espaço público e da permeabilidade da cidade em relação ao rio.

Uma vez que, com a nova estrutura viária se estima a substancial redução do trânsito no Porto Interior, com características mais de trânsito local, é possível e desejável manter a circulação pedonal de superfície e alargar os passeios, dando outro fôlego à Antiga e intricada Frente de Rio, que é ao mesmo tempo a frente soalheira dessa artéria.

Assim, a necessidade de atravessamentos desnivelados para peões, surge apenas quando existe a possibilidade de os articular com edifícios em ligações utilitárias. Nomeadamente a ligação aérea à Torre articula-se com o Terminal Fluvial e liga directamente às arcadas da Av. de Almeida Ribeiro. Este troço de ligação em arco, sublinha o contorno da antiga praia, marcada pelos arcos das vias que ecoam a partir da Rua de 5 de Outubro.

3.3       DA ESTÉTICA E EXPRESSÃO DAS EDIFICAÇÕES

A vocação plástica dos edifícios do Porto Interior são de dois âmbitos: os edifícios à escala do espaço rua e os edifícios à escala da paisagem.

As construções à escala do espaço rua, lêem-se de uma distância em que é possível apreender a vocação gráfica dos elementos de arquitectura - vãos, guardas, cimalhas, recortes.

Propõe-se a valorização do papel protagonista dos atributos gráficos da construção, nas construções de pequeno porte para a definição da paisagem urbana à escala dos ambientes pedonais.

Sem contudo definir um vocabulário de elementos de arquitectura, deverá ser tomado em atenção o conceito de tipologia e de arquitectura de acompanhamento, que deverá ser figura de plano. Deverá também ser possível essa vocação gráfica no âmbito de uma linguagem contemporânea.

As construções à escala da paisagem, viradas ao rio, deverão ter uma vocação sinalética e  possibilitar uma leitura, não de pormenor, mas de sinais expressivos à escala da paisagem.

Expressão desse sentido será a torre proposta, o único edifício em altura na área de intervenção, que deverá ser objecto de desenho cuidado, constituindo um sinal marcante e de reconhecimento do lugar. A expressão proposta, é mais de edifício cata-vento, conferindo-lhe uma sugestão plástica articulada e uma geometria eólica, orientada ao rio, às grandes distâncias e ao trajecto do sol para ocidente, evocando as viagens e a comunicação, conferindo um sinal de contemporaneidade a este lugar de chegada e de partida numa intervenção que se estima derradeira num futuro próximo.

3.4              DISPOSIÇÕES NO ÂMBITO DE UMA                                        REGULAMENTAÇÃO DE SALVAGUARDA

Serão identificados os conjuntos definidos na avaliação por “homogéneos”, que serão objecto de regras de renovação que vinculem todas as unidades cadastrais pertencentes a cada conjunto, para os quais serão definidos alinhamentos de pormenor que coordenem as fachadas, as utilizações das arcadas e os percursos pedonais.

3.5            CARACTERÍSTICAS INDUTORAS DO PLANO E                 ENQUADRAMENTO

Sendo esta Zona de Comércio e Serviços do Porto Interior o troço mais sensível desta frente Ribeirinha, existe uma patologia intínseca a toda esta zona da cidade que é mais extensa do que a área de intervenção, nomeadamente as questões que se prendem com as infraestruturas, as circulações e principalmente com as regras e regimes de salvaguarda da construção.

Com o diagnóstico e a tipificação destas situações é possível criar regras geradoras capazes de induzir a revitalização das áreas adjacentes a este polo.

A estrutura viária  proposta para a separação do trânsito geral canalizado no Porto Interior, complementa de uma forma mais eficiente, no âmbito dos objectivos preconoizados para esta zona da cidade, mas não é imperiosa, nem dela depende a implementação das soluções para a área de intervenção.

No âmbito das tipologias da construção foram identificados a Antiga Frente Ribeirinha, os Quarteirões Avançados em relação a essa frente, e a possibilidade de evolução qualitativa da configuração das novas ocupações de frente de rio, preconizando a implantação transversal em relação à linha de costa. Estas situações não são exclusivas da área de intervenção e poderão ser aplicadas nas áreas adjacentes.

A zona do bazar chinês que se estende para nascente na rectaguarda da Antiga Frente Ribeirinha, poderá beneficiar na sistematização das pavimentações definidas para a área de intervenção. Deverá todavia ser criado um incentivo de usos vocacionado para o comércio de rua, as oficinas, os artífices, como complemento da oferta de atractivos na área de intervenção num ambiente pitoresco da cidade, que aí ainda é possível recriar.

3.6            ZONAS VERDES E ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS

                circulação pedonal • sistema de pavimentação

O desfasamento entre a circulação rodoviária de carácter principal, e a circulação de carácter local, que se propõe através de um sistema Passagem Superior / Passagem Inferior / Passagem Superior, vem descongestionar significativamente a superfície, no que se refere à sua utilização pelos fluxos pedonais e rodoviários e a gestão dos respectivos conflitos.

Neste sentido, também os novos alinhamentos propostos para a edificação ao longo do porto invertem a tendência de carácter de espaço-canal da Rua das Lorchas, ao aumentar a permeabilidade da frente de rio, e ao alargar o espaço em toda a zona central da área de plano.

Ambas as propostas se conjugam no sentido de aumentar a área de circulação pedonal e garantir mais fluidez e menos pontos de conflito. Desta forma (a) é possível o alargamento do passeio e a regularização da sua geometria, ao longo das arcadas, o que esclarece a leitura da sua irregularidade; (b) mantém-se o estacionamento longitudinal lateral a ambas as vias, excepto na zona do auto-silo; (c) cria-se uma zona relativamente extensa de áreas pedonais do lado do porto e em relação com o plano de água e o equipamento proposto.

A leitura destas intenções ao nível do seu uso, faz-se através da selecção de materiais, que ajudam a criar um código da leitura. Assim selecciona-se (a) o lajedo de granito em continuidade com o pavimento das arcadas para caracterizar toda esta zona de fluxos pedonais bastante Intensos, e em que se exige um pavimento bastante estável e sem irregularidades; (b) calçada de paralelos de granito ou basalto, contida por lancis largos, para a zona do porto; (c) calçada de cubos pequenos de granito e de calcário negro para a praça, na base da torre do porto.

Toda a zona de ligação entre as vias de Passagem Inferior e a superfície, gera uma série de planos verticais. Em vez de muros de suporte, propõe-se a modelação de taludes para aumentar a entrada de luz e o angulo de visão de quem circula.  Dada a previsível inundação desta Passagem Inferior em período de tufão, propõe-se a estabilização superficial dos taludes com calçada de granito semelhante à utilizada nas zonas pedonais do porto, e a sua eventual plantação com árvores ou palmeiras, em caldeiras abertas no revestimento.

possibilidade de estrutura verde

A cota bastante baixa do aterro do Porto coloca limitações à plantação de árvores em toda esta zona, devido ao afloramento do nível freático, e ao aparecimento de condições de asfixia radicular. No entanto pretende-se a criação de uma estrutura verde de tipo arbóreo, em relação com o rio.

Como hipótese a confirmar por sondagens, propõe-se a plantação de alinhamentos curtos, perpendiculares à linha de costa, sobre faixas sobrelevadas de terra, de forma a aumentar as condições de vegetação dos sistemas radiculares As árvores serão de médio a grande porte, caducifólias, e de fuste limpo até 3m de altura para permitir a relação visual com o rio.

3.8            PROGRAMA DE EQUIPAMENTO

As ocupações destinadas a Serviços Públicos e Administrativos do Porto, localizam-se nas ocupações E1 beneficiando da situação sobranceira do troço Norte da Zona de Actividades Portuárias e de uma posição de topo em relação à via portuária interior, como local estratégico de controlo, caso venha a ser determinado o seccionamento dessa via em relação ao meio urbano.

Outros serviços Públicos, terão localização adequada de acordo com as suas características e após o levantamento das necessidades.

Definiu-se também, a localização do terminal fluvial e a sua articulação com o interface de transportes urbanos e com a circulação pedonal com o centro da cidade.

No âmbito de uma estratégia de revitalização, estabeleceu-se já a definição e localização de equipamento com o intuito de garantir a preservação de algumas construção entendidas de valor. A saber:

Ponte Cais No. 8

Ponte Cais No. 11

Ponte Cais No. 16

Superintendência do Comércio do Ópio

3.7            DISTRIBUIÇÃO DE USOS E

                INDICADORES URBANÍSTICOS

Área de intervenção ao Limite do Alinhamento das Pontes Cais     66.248 M2

(Nos termos da Portaria 218/90/M)

Área de intervenção ao Limite do Alinhamento das Pontes Cais

(Nos termos da Informação Proposta 130/32/CP

dos Serviços de Marinha)      73.865 M2

Superfície Total de Solo     61.408 M2

Superfície de Água ao limite do alinhamento das Ponte Cais

(Nos termos da Informação Proposta 130/32/CP dos Serviços de Marinha)

(incluindo construções flutuantes)     12.457 M2

Acréscimo de Superfície de Aterro a construir     13.634 M2

Área de Implantação de Ocupações a manter

Na frente rio       3.455 M2

No meio urbano (1 quarteirão)        1715 M2

Área de Implantação dos Edifícios a demolir

Na frente rio       8.526 M2

Área de Implantação dos Edifícios a executar     11.170 M2

(excluindo os compromissos previstos)

Área de Implantação dos Edifícios a executar     16.625 M2

(incluindo os compromissos previstos)

Área de Implantação dos Edifícios

designados por compromissos previstos       5.455 M2

(excluindo construções flutuantes)

Área de Pavimentação     39.613 M2

ABC Total de construção nova

(excluindo os compromissos previstos)   127.420 M2

Edificações

1        Auto-Silo     (compromisso existente)

          Área de Implantação          2.735 M2

2        Restaurante Flutuante    (compromisso existente)

          Área de Implantação          2.120 M2

3        Casino Flutuante    (compromisso existente)

          Área de Implantação          600 M2

4        Ponte Cais Nº 16     (a recuperar)

          Área de Implantação          1.800 M2

          Finalidades      Apoio a Actividades Recreativas

A       Esplanada   (a executar)          1.200 M2

          Finalidades          Recreativas

5        Torre   (a executar)

          Área de Implantação          770 M2

          Número de Pisos    39

          Altura da Edificação 125 m

          ABC Total  30.000 M2

          Finalidades      Hotel - Escritórios - Comercial

6        Terminal Fluvial e Bandas B2   (a executar)

          Área de Implantação          4.000 M2

          Número de Pisos

          Terminal Fluvial        10

          Bandas B2     8

          Altura da Edificação

          Terminal Fluvial    32 m

          Bandas B2     26 m

          ABC Total  36.720 M2

          Finalidades

                   Gare de Passageiros - Serviços Aduaneiros

                    Estacionamento - Centro Comercial

7        Pavilhão (Ponte Cais Nº 11) (a recuperar)

          Área de Implantação          200 M2

          Finalidades          Biblioteca ou Casa de Chá

8        Ponte Cais Nº 8     (a recuperar)

          Área de Implantação          1455 M2

          Finalidades          Restauração

E1     Edifícios      (a executar)

          Área de Implantação          450 M2

          Número de Pisos    10

          Altura da Edificação  32 m

          ABC          4.500 M2

          3 unidades

          ABC Total  13.500 M2

          Finalidades

          Serviços Públicos e Administrativos do Porto

E2     Edifícios   (a executar)

          Área de Implantação          600 M2

          Número de Pisos    10

          Altura da Edificação  32 m

          ABC          6.000 M2

          2 unidades

          ABC Total  12.000 M2

          Finalidades          Comércio e Habitação

E3     Edifícios   (a executar)

          Área de Implantação          825 M2

          Número de Pisos      8

          Altura da Edificação  26 m

          ABC          6.600 M2

          2 unidades

          ABC Total  13.200 M2

          Finalidades          Comércio e Habitação

B1     Banda B1  (a executar)

          Área de Implantação          2.200 M2

          Número de Pisos    10

          Altura da Edificação  32 m

          ABC Total  22.000 M2

          Finalidades          Escritórios - Business Centre

 

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First published date:Sept 2000
Last upd
ated: 02 Feb 2006

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